sexta-feira, 2 de julho de 2010

Triste fim laranja da era Dunga

Freire Neto – jornalista e torcedor brasileiro
freireneto@usinacom.com.br

Sexta-feira, dois de julho de 2010, às 11h da manhã no Brasil, o país ou boa parte dele parou para acompanhar mais uma partida das quartas de final de uma Copa do Mundo. Em campo, no estádio Nelson Mandela, em Porto Elizabeth, Brasil x Holanda. O quarto encontro das duas seleções em copas, com vantagem brasileira em 94 e 98, e derrota para o esquadrão de Cruyff em 1974, com Marinho Chagas, potiguar, em campo e melhor daquela Copa. Entramos com tudo: segurança da zaga, do goleiro e um meio campo “mordedor”. E como o Lédio Carmona, jornalista da SporTV disse esta semana, com um contra ataque “letal” – Kaká, Maicon, Daniel Alves, Michel Bastos, Robinho e Luís Fabiano.


Aos 10 minutos, o “mágico” Felipe Melo fez o maior lançamento da sua carreira, deixou Robinho na cara do goleiro holandês, que de primeira fez Brasil 1 x 0, dando indícios que o jogo seria fácil. O esquadrão de Dunga tomou conta do jogo: anulou Sneijder, Roben, Kuit e qualquer outro vestido de laranja. E tivemos muitas chances para matar e liquidar de vez a tão falada “Laranja”. Mas não o fizemos. Como sempre, achávamos que a qualquer momento, na sua Zona de Conforto, faríamos o segundo, o terceiro e já estávamos na semifinal.



Kaká até teve algumas chances e lampejos de jogador decisivo, mas sem inspiração ou poder de decisão. E o que todos nós temíamos, realmente, aconteceu. Faltava o jogador de personalidade, com poder de decidir, resolver e colocar a bola pra dentro. Faltou, ao time de Dunga, o craque. O jogador matador e “letal”. Descemos para os vestiários no intervalo, e parece que não voltamos ao jogo.



A Holanda dominou quando tinha que dominar e o que nos dava orgulho e segurança até então nessa Copa do Mundo, nos traiu. Julio César e o “mago”, Felipe Melo, se esbarraram na área numa bola levantada na área de qualquer jeito pelo holandês Sneijder, e iniciamos a derrocada.

Em lembrança a 98, mais uma vez, apagão na super zaga brasileira, e novamente o camisa 10 laranja, no meio de todo mundo na pequena área, apareceu para decretar a morte anunciada: 1 x 2. O Carrossel Holandês dominou e envolveu a Seleção Brasileira e mereceu vencer? Não, amigo. Entregamos a vitória para eles. Felipe Melo expulso, após fazer falta e pisar no catimbeiro e ator Roben – só fez encenar o jogo inteiro.

Se com 11, os azuis-canarinhos não estavam conseguindo assustar o goleirão laranja, imagina com 10. Era hora de Kaká, Robinho ou qualquer um aparecer e decidir. Perdemos ainda mais a cabeça. Já não tinha mais tática, posição ou orientação. Os holandeses não acreditavam no que viam e não sabiam aproveitar aquela situação. O Brasil entregou a classificação de presente. E atônitos, incapazes e apáticos vimos tudo acontecer sem nada poder fazer. Quem poderia entrar pra resolver?



Faltou frieza, personalidade, força e atitude. Faltou “nocautear” na hora que o adversário estava nas cordas. Deixamos o oponente levantar e ter o descanso do gongo. Faltou atenção, cuidado e sobraram confiança e zona de conforto. E os azuis brasileiros, amarelaram diante da situação adversa. E pela terceira vez na Copa do Mundo de 2010, em quase 60 jogos, uma seleção conseguiu virar e reverter uma situação adversa.



Pobres Lúcio, Juan e Júlio César. A defesa não é o melhor ataque e com certeza, sentimos muito a falta de Neymar, Ronaldinho, Ganso, Tardelli e Adriano. E apesar de todas as injúrias e absurdos que o Cruyff falou, ele estava certo. Triste fim da era Dunga na Seleção Brasileira. Uma laranjada amarga e desnorteante, num carrossel às avessas. Só nos resta, agora, torcer contra a Argentina! Que Copa!

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